Tiro
Brasileiro - 100 anos
Conhecido
internacionalmente, o Tiro Esportivo é um dos esportes
mais antigos e respeitado pelas principais entidades desportivas,
sendo praticado por mais de 150 países e em todos os continentes.
Suas principais características são: precisão,
reflexo, concentração e alta técnica desenvolvida
pelos atletas. No Brasil, o Tiro Esportivo irá completar
no corrente ano, 100 anos de uma gloriosa e profícua existência.
A
primeira entidade oficial surgida no país foi a CONFEDERAÇÃO
DO TIRO BRASILEIRO, através do Decreto Nr 1503, de 5 de
setembro de 1906, sob os auspícios do Exército Brasileiro,
congregando inúmeras sociedades de tiro criadas em todo
território nacional. A Confederação teve
como primeira sede a cidade de Rio Grande.
Devido
a sua importância, o Ministério da Guerra decidiu
que a Confederação ficasse diretamente subordinada
ao Estado-Maior do Exército, decorrente da forte vinculação
do esporte com a instrução militar, inspirada no
modelo suiço, onde cada cidadão deveria saber usar
o seu fuzil em caso de ameaça ao seu território.
Na
realidade, a Confederação ampliou e oficializou
o projeto cívico do gaúcho Antônio Carlos
Lopes, que em 1899 criou o Tiro Nacional, reunindo as sociedades
de tiro do Rio Grande do Sul com o propósito de incrementar
a prática do Tiro ao Alvo, como era chamado o esporte naquela
época, e de coordenar as atividades das sociedades. Essas
sociedades funcionavam tal qual os clubes modernos de tiro, com
linhas de tiro e com atiradores filiados, civis e militares, disputando
provas com armamento e munição militar cedido pelo
Exército Brasileiro.
A
idéia era criar novas sociedades, pelos menos uma em cada
município, estimulando a prática do esporte, desenvolvendo
e metodizando a instrução militar. O Exército
se valia desta estratégia para aumentar o seu efetivo,
na época com reduzido número. Ainda hoje encontramos
unidades no interior do País, denominadas Tiro de Guerra,
herdeiras das antigas sociedades de tiro.
Vários
estímulos foram concedidos aos sócios civis, destacando-se
o que lhes assegurava a isenção da metade do tempo
de serviço militar.
Mais tarde, O Ministro da Guerra General Hermes da Fonseca, no
Governo de Afonso Pena, transferiu a sede da Confederação
para a capital Rio de Janeiro, instalando-a junto ao Ministério
da Guerra.
A
Confederação do Tiro Brasileiro existiu até
1923, quando foi fundada a Federação Brasileira
de Tiro. Neste interregno a entidade promoveu inúmeros
concursos nacionais de onde despontaram aqueles atiradores que
iriam brilhar nos Jogos Olímpicos da Antuérpia em
1920, cumulando de glórias o nosso esporte.
por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE
e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação
do DF, ex presidente das federações do RJ e CE,
e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma
Longa" e "História do Tiro"
ferreiraedu@terra.com.br