História do Tiro – Durval Ferreira Guimarães
Com certeza nós não esquecemos Durval Guimarães, ícone do Tiro Esportivo brasileiro e um dos maiores atletas do nosso esporte. Durante mais de 30 anos, ele foi o principal atirador do Brasil. Hoje, lutando contra uma terrível enfermidade que o obriga a ficar acamado em sua residência, sob os cuidados zelosos da sua esposa Maria Helena, das filhas e genro, foi obrigado a se afastar do convívio do Tiro, no entanto sempre será lembrado e admirado como excelente atirador, dirigente e pessoa.
Dedicou grande parte de sua vida ao esporte e soube administrar a Confederação Brasileira de Tiro como poucos, pois desde a compra da sua sede, presidiu e projetou o Tiro nacional além das nossas fronteiras, colecionando várias vitórias, títulos e recordes importantes, somado ao grande número de expoentes atiradores revelados e apoiados que ainda hoje brilham nas competições internacionais. Por tudo aquilo que Durval concretizou, representando o Tiro, me associo à homenagem feita por seu primo e ex-dirigente da CBTE e da ISSF Carlos Guimarães Occhipinti, através de um artigo que escreveu sobre o Durval em Novembro de 1982:
“Tudo começou por volta de 1950, em pleno coração de São Paulo, no Parque D. Pedro II às margens do rio Tamanduateí. Sim porque naquela época ainda existiam margens nesse rio, com grama verdejante e árvores frondosas.
Um garoto de 14 (quatorze) anos, portando uma espingardinha de chumbo e alguns alvos, convidava os colegas das redondezas a competir com ele.
Os prêmios oferecidos? Bem, os vencedores eram brindados com pirulitos e balas, distribuídos por outro garoto menor, de 7 (sete) anos, que sempre o acompanhava. Estes foram os primeiros passos do futuro campeão Durval, testemunhados pelo primo e companheiro Carlos.
Dez anos mais tarde, 1960, o tiro ao alvo seria a realidade de sua vida ao ingressar no Clube de Regatas Tietê para oficialmente praticar esse esporte. Ali foi forjado o campeão, que não precisou de muito tempo para mostrar suas habilidades e apresentar resultados significativos.
Hoje, podemos afirmar sem medo de errar de ter se tornado o mais completo campeão que o Brasil já teve. Atirador eclético experimentou praticamente todos os tipos de armas, nas suas mais variadas modalidades cuja aptidão manifesta, fez com que se sobressaísse na maioria delas.
Tiro Rápido - nesta modalidade foi por diversas vezes campeão paulista e brasileiro.
Pistola Livre – nesta modalidade, também conhecida como pistolê, foi por diversas vezes campeão paulista e brasileiro. Foi também campeão sul-americano e recordista. Nos Jogos Pan-Americanos realizados em São Paulo, em1963, obteve a medalha de bronze com o 3º. Lugar alcançado pela equipe brasileira.
Carabina 3X 40 – nesta modalidade, foi campeão paulista e brasileiro em diversas oportunidades. Foi também recordista brasileiro e campeão sul-americano na posição de joelhos.
Pistola de Ar – nesta modalidade foi por diversas vezes campeão paulista e brasileiro. Foi em 1982 recordista brasileiro.
Carabina Deitado – Esta modalidade, também conhecida como “match inglês”, pode-se dizer que é a menina de seus olhos. É a categoria que mais títulos ele trouxe para o Brasil. Campeão paulista e brasileiro em diversas oportunidades; campeão sul-americano; medalha de prata (individual) e medalha de bronze (equipe) nos Jogos Pan-Americanos do México em 1975; 8º colocado nas Olimpíadas de Montreal, quando concorreram 90 participantes.
Fogo Central – Na modalidade de fogo central, para revólver ou pistola, foi por diversas vezes campeão paulista e brasileiro; foi recordista brasileiro e campeão sul-americano e campeão sul-americano. Neste ano de 1982 foi campeão paulista.
Participou também em competições de Pistola Standard, Carabina de Ar, Carabina Esporte, Tiro de Defesa, até Fuzil de Guerra e Tiro ao Prato. Sua galeria de troféus, medalhas e títulos é incalculável. Sem contar os títulos por equipe, individualmente foi campeão paulista mais de 30 (trinta) vezes e campeão brasileiro mais de 25 (vinte e cinco) vezes.
Um de seus maiores feitos, sem dúvida, foi no Campeonato Brasileiro de 1966, em Porto Alegre, onde se sagrou campeão brasileiro por equipe e se tornou campeão brasileiro em nada menos que 5 (cinco) modalidades: Carabina Deitado, Carabina 3 Posições, Revólver Fogo Central, Pistola Livre e Tiro Rápido às Silhuetas.
Têm suas mãos gravadas de forma indelével, no Cantinho do Atleta, em frente ao Estádio Municipal do Pacaembu, mérito consagrado apenas aos campões do porte de um Eder Jofre, Leonidas da Silva, Maria Esther Bueno, e outros não menos famosos.
Como o tiro ao alvo faz parte integrante de sua vida, não importando a forma que se apresenta, aliado a isso, a liderança natural que possui carismática até, tornou-o Vice-Presidente do Clube que o fez campeão, e é seu atual Diretor do Departamento de Tiro ao Alvo.
Com uma equipe bem estruturada promove toda a gama de competições internas. Dentro desse mesmo esquema de trabalho, cria a infraestrutura necessária para realizar competições interestaduais.
É instrutor prático e técnico de tiro habilitado pelo Fort Benning – USA, celeiro de campeões mundiais. Possui também licença de Juiz Internacional, reconhecida pela UIT – União Internacional de Tiro. Por representar na atualidade a estrela máxima do seu clube é chamado frequentemente a desfilar com o pavilhão nacional em todos os eventos cívicos.
Participou dos maiores torneios esportivos do mundo, tais como:
Jogos Olímpicos: ...................................... México (1968)
Munique (1972)
Montreal (1976)
Moscou (1980)
OBS: Durval ainda participaria dos Jogos de Los Angeles (1984)
Jogos Pan-Americanos: ............................ São Paulo (1963)
Winnipeg - Canadá (1967)
Cali – Colômbia (1971)
México - México (1975)
Porto Rico- Porto Rico (1979)
OBS: Durval ainda participaria dos Jogos Pan- Americanos de Caracas (1983); Indianópolis (1987); 1991 (Havana) e Mar Del Plata (1995)
Campeonatos Mundiais: ........................ Phoenix – USA – (1970)
Thun – Suiça – (1974)
Seul – Coréia do Sul (1978)
Caracas - Venezuela (1982)
Participou ainda de vários campeonatos internacionais como: Torneio Benito Juarez - México; Jogos Luso-Brasileiros – Lisboa; Copa latina Namurs; Campeonato das Américas e Sul-Americanos, etc.
Durante o Triênio 82/85foi Presidente da FPTA. Sempre pronto a homenagear àqueles que realmente batalham pelo tiro ao alvo e fazendo com que não só os atiradores, mas também suas famílias compartilhem desses acontecimentos, ele consegue integrar todos os participantes numa só e grande família.
Como nas suas veias também correm pólvora e o tiro não pode parar, ele prepara, com bastante sucesso, seus herdeiros:
Leny: já se sobressai na modalidade de Carabina Deitado onde se sagrou campeã paulista da classe dama, de 1982;
Rose: dedica-se ao tiro de Pistola onde já consegue alguns resultados expressivos; e
Andréa: com Carabina de Ar, já começa a dar os seus primeiros passos, ou melhor, seus primeiros tiros.
Durval ainda tem muitos títulos a conquistar e nosso maior desejo é vê-lo participando dos Jogos Olímpicos de Los Angeles de Los
Angeles, em 1984, ocasião em que alcançará um feito raramente atingido por atletas na história de esporte universal, que é privilégio de participar de cinco Olimpíadas, que representa, no mínimo, 20 (vinte) anos de atividades esportivas a nível internacional. Você sabe que estamos torcendo por você e no pódio é que queremos vê-lo novamente!
Com afeto
CARLOS GUIMARÃES OCCHIPINTI
Nov/82
por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas
longas da CBTE e das Forças Armadas. Ex vice-presidente
da CBTE e da federação do DF, ex presidente
das federações do RJ e CE, e diretor
das federações da PB e RS. Autor de
"Arma Longa", "História do
Tiro" e “Manual de Organização
de Provas de Tiro”.
ferreiraedu@terra.com.br