2012
- OS XXX JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES
Pela
terceira vez em sua história a cidade de Londres
será o palco de mais uma edição dos Jogos Olímpicos
de verão. Em agosto de 2012 o mundo inteiro estará
acompanhando intensamente as emoções dos XXX Jogos.
Para estes Jogos, o Tiro Brasileiro já conta com
dois representantes, Ana Luísa de Melo e Filipe
Fuzaro, vencedores de suas “quota place” disputadas
no Campeonato das Américas, realizado no Rio de
Janeiro no ano passado.
Na
história dos dois primeiros Jogos colhemos fatos
curiosos e aspectos interessantes que marcaram a
escolha e a realização dos eventos ocorridos em
Londres. Em 1908 a cidade de Londres foi selecionada
superando a proposta apresentada pelo Comitê Olímpico
Francês e realizou os seus primeiros Jogos. Quarenta
anos depois, em 1948, novamente a cidade britânica
promoveu os Jogos, logo após a segunda Guerra Mundial.
1.
1908 – IV JOGOS
OLÍMPICOS DE LONDRES
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1908 - Prova de Revólver – estande da
Associação Nacional
de Rifle (NRA) – Bisley Inglaterra
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A Helgelrud (NOR) campeão
da prova de fuzil
Nos
III Jogos Olímpicos de Saint Louis – Estados Unidos,
em 1904, ocorreram diversas falhas na organização
do evento, como a ausência inexplicável das provas
de tiro e o não comparecimento das melhores equipes
da Europa devido à longa distância do país organizador
dos Jogos com o Velho Continente. O Barão de Coubertin
havia projetado inicialmente os IV Jogos Olímpicos
para Roma, como homenagem à tradição e à antiguidade
da cidade, porém acabou optando pela Grã-Bretanha
uma vez que Londres oferecia as melhores condições
estruturais na época e que também iria celebrar
ao mesmo tempo uma exposição de arte franco-britânica.
Naqueles
IV Jogos, pela primeira vez, as delegações participantes
conduziram suas bandeiras na Cerimônia de Abertura.
Presentes à Cerimônia o Rei Eduardo VII acompanhado
do Barão de Coubertin e dos demais membros do Comitê
Organizador. Nas provas de tiro competiram 247 atiradores,
dos quais 70 eram britânicos. As competições de
prato foram realizadas em Uxendon e as de tiro de
fuzil, carabina e arma curta em Bisley, no histórico
polígono da Associação Nacional de Rifle.
Durante
a competição as condições atmosféricas não ajudaram
os atiradores de 14 países, que enfrentaram fortes
ventos, chuvas e uma constante neblina, típica do
clima inglês, durante os três dias de provas. Na
modalidade de fuzil três posições a 300 metros,
os ingleses utilizaram um fuzil militar e se classificaram
em sexto lugar. A prova foi vencida pelo norueguês
A Helgerud enquanto a medalha de prata ficou com
o norte-americano M Simon. A primeira vitória inglesa
se deu com o atirador J.K.Miller, veterano de 60
anos, utilizando um fuzil “mannlicher” austríaco
e vencendo a prova de 1000 jardas. Na prova de pistola
a 50 jardas o belga Van Asbroek foi o vencedor.
O
Brasil não participou desses Jogos, somente vindo
a participar nos Jogos de Antuérpia, em 1920, com
as três medalhas conquistadas pelos nossos atiradores,
e um feito memorável.
2. 1948 – XIV JOGOS
OLÍMPICOS DE LONDRES
Tal
como havia ocorrido com a Antuérpia em 1920, a cidade
de Londres foi
escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI)
para sediar os XIV Jogos Olímpicos em reconhecimento
à bravura e à resistência do povo inglês ao enfrentar
o intenso bombardeio causado pela Força Aérea alemã
na II Guerra Mundial, que provocou mortes e enormes
estragos à capital londrina. Mais uma vez pesou
uma decisão política para o COI escolher uma cidade
para sediar os Jogos.
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1948 - Delegação Brasileira e o Presidente
do
COB - Major Sílvio Padilha
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Alberto Braga competindo carabina
deitado no estande improvisado, embaixo de
barracas militares, onde não havia trincheiras
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É
interessante reportar a luta e a participação da
equipe brasileira nos Jogos de Londres de 1948.
Desde 1942 o Tiro Brasileiro estava subordinado
à Confederação Brasileira de Caça e Tiro (CBCT),
entidade que não era reconhecida pelo Comitê Olímpico
Brasileiro (COB) e pela própria ISSF (antiga União
Internacional de Tiro). Diante dessa realidade os
atiradores olímpicos do passado – Dr. Afrânio Costa.
Antônio Martins Guimarães, Harvey Villela, José
Salvador Trindade e Eugênio Amaral se uniram e resolveram
criar uma nova entidade voltada exclusivamente para
o tiro olímpico – CBTA (28/11/1947).
A
partir daí estabeleceu-se uma acirrada luta na justiça
entre as duas entidades para ter o direito de selecionar
os atiradores e para representar o Brasil nos Jogos
de Londres.
O
Ministro Dr. Afrânio Costa, presidente da nova entidade
e muito influente nos meios desportivos conseguiu
apoio do COB e através de uma liminar inscreveu
a equipe brasileira de tiro para participar dos
XIV Jogos Olímpicos de Londres. No tempo em que
o Tiro esteve subordinado à Caça (1942), raras provas
de tiro olímpico foram programadas pela CBCT, ao
contrário das provas de tiro ao pombo que eram agendadas
em quase todos os fins de semana.
A
recém criada entidade do Tiro criada em 28 de novembro
de 1947, (CBTA) passou a ser a única e legítima
representante do Tiro Nacional. Hoje, com a nova
designação (CBTE) o Tiro Brasileiro vem participando
desses Jogos e dos eventos internacionais (vide
artigo anterior da FMTE).
Após
a II Guerra Mundial, a Inglaterra não havia recuperado
as instalações militares arrasadas, inclusive o
seu tradicional estande de tiro de Bisley, ficando
sem as melhores condições técnicas para a realização
do evento. O Comitê Olímpico Inglês teve que improvisar
e adaptar o estande para as provas.
Assim,
as provas de carabina e de pistola a 50 metros foram
realizadas sem trincheiras para a troca de alvo.
O Diretor da prova fornecia um tempo estimado e
após o término do tempo, a prova era interrompida
para a troca dos quadros com os alvos. Na prova
de carabina cinco alvos eram fixados ao quadro e
em posições diferentes. Os atiradores deveriam disparar
dois tiros em cada alvo, tendo que mudar cinco vezes
de posição em cada quadro.
Nos
Jogos de Londres de 1948, o Brasil participou com
três equipes e sete atiradores nas modalidades de:
carabina deitada (“match inglês”), pistola livre
e tiro rápido às silhuetas. Foram selecionados
para integrarem a delegação brasileira os seguintes
atiradores:
Arma
longa: Antônio Martins Guimarães (DF), J.Pinto de
Faria (DF) e Alberto Pereira Braga (DF), que contava
na época com 18 anos de idade.
Arma
curta: Álvaro José dos Santos Júnior (MG), Silvino
Fernandes Ferreira (DF), Oswaldo Impelizieri (MG),
Pedro Simão (SP) e Alan Sobocinski (SP).
Fato
interessante foi o aparecimento das novas pistolas
de tiro suíça Hammerly, especialmente confeccionadas
para o evento. Os atiradores de arma curta adquiriram
essas armas em Londres e competiram com as mesmas.
Elas possuiam gravadas os “anéis olímpicos e o ano
de 1948.
Nossos
atletas tiveram boa participação nos Jogos, com
resultados semelhantes aos índices técnicos alcançados
durante a seletiva e nas provas dos campeonatos
estaduais. Os resultados das provas disputadas pela
equipe brasileira foram os seguintes:
a. Prova de Carabina
Deitado - “match inglês” - 71 participantes
10 |
Arthur
Cook |
EUA |
599/ 43 |
20 |
Walter
Tomsen |
EUA |
599/ 42 |
30 |
Jonas
Johnsson |
SUE |
597/ 44 |
130 |
Antônio
Martins Guimarães |
DF |
594 (*) |
280 |
Alberto
Pereira Braga |
DF |
589 |
450 |
J.
Pinto de Faria |
SP |
584 |
Obs:
(*) Novo recorde
brasileiro
b. Prova
de Pistola Livre – 50 participantes
COL |
NOMES |
FED |
TOTAL |
10 |
Edwin
Vazquez Cam |
PER |
545 |
20 |
Rudolf
Schnyder |
SUI |
539/ 21 |
30 |
Torsten
Ullman |
SUE |
539/ 16 |
280 |
Silvino
Fernandes Ferreira |
DF |
511 |
310 |
Álvaro
José dos Santos Júnior |
DF |
509 |
c.
Prova de Tiro Rápido
às Silhuetas - 59 participantes
COL |
NOMES |
FED |
TOTAL |
10 |
Karoly
Takacs |
HUN |
580 (NRO) |
20 |
Carlos
Henrique Diaz Saenz Valiente |
ARG |
571 |
30 |
Sven
Lundqvist |
SUE |
569 |
300 |
Pedro
Simão |
SP |
540 |
340 |
Álvaro
José dos Santos Júnior |
DF |
527 |
560 |
Alan
Sobocinski |
SP |
490 |
1. 2012 – XXV JOGOS
OLÍMPICOS DE LONDRES
Ana Luíza Mello
Em
Agosto de 2012 ocorrerão as provas do XXV Jogos
Olímpicos na cidade de Londres e, nesta oportunidade
o Comitê Olímpico Inglês deverá apresentar um estande
de tiro moderno e espaçoso.
Por
enquanto nossas esperanças de medalhas estão depositadas
nos atiradores Ana Luíza Mello, que vai disputar
a prova de pistola Sport e Filipe Fuzaro que irá
competir em Fossa. Oxalá tenhamos mais brasileiros
nas futuras “quota place” ainda em abertas em alguns
dos eventos deste ano e que consigam trazer mais
uma medalha olímpica para o Brasil.
FILIPE
FUZARO