1954
- INAUGURAÇÃO DAS SILHUETAS NO FLUMINENSE
Convidados,
dirigentes e atiradores prestigiando a inauguração
das
silhuetas no Estande do Fluminense
1. As primeiras provas de silhuetas
O Tiro Rápido antigamente era chamado
de Tiro às Silhuetas, alguns anos mais tarde a prova passou a
ser chamada de Tiro Rápido às Silhuetas. Com a decisão da ISSF
de modificar os alvos com a forma humana para a forma circular,
a modalidade teve a denominação mudada para Tiro Rápido. O curioso
é que as primeiras silhuetas foram construídas de metal, no início
do século XX, retratando um homem na posição de perfil e possuindo
cinco zonas. A silhueta figurava um homem com a altura média de
1.70m de altura. Essas primeiras silhuetas de metal foram utilizadas
no treinamento de tiro do exército francês e também nas provas
militares da época.
Essa modalidade era disputada no meio
militar na Argentina e no Brasil. Cheguei a participar desse tipo
de prova em Paso de Los Libres, na década de 70, competindo com
os militares argentinos, adeptos dessa modalidade, na fronteira
com a cidade de Uruguaiana. A prova consistia em disparar 30 tiros,
com duas séries de cinco tiros no tempo de 10, 08 e 06 segundos,
competindo com calibre .45.
Posteriormente as silhuetas de metal
foram modificadas, substituídas por alvos de papel, no formato
de uma silhueta humana em posição frontal, colados sobre armações
de madeira. Os tempos eram cronometrados pelo diretor da prova
e o início da prova era feito através de silvo de apito para iniciar
e terminar a série.
O Exército Brasileiro organizou várias
provas desta última modalidade (cinco silhuetas frontais), em
suas competições militares, mais precisamente nas Olimpíadas do
Exército, eventos criados entre 1969 e 1974, período em que o
Tiro Militar foi muito desenvolvido, surgindo excelentes atiradores
que brilharam no tiro civil. Os atiradores competiam com pistolas
.45 “preparadas” por um bom armeiro. Os projéteis
.45 eram desmontados e remontados novamente utilizando
menor quantidade de pólvora, sendo esta substituída por uma de
melhor qualidade, proporcionando um melhor desempenho da arma
e consequentemente uma maior pontuação.
2. Participação de atiradores brasileiros em provas
olímpicas de silhuetas
As primeiras pistolas de competição
na época dos Jogos Olímpicos na década de 30 eram muito rústicas
e usavam calibre “22 long rifle”, posteriormente, a munição foi
mudada para a munição cal 22 “short”. Nossos atiradores, participantes
dos Jogos Olímpicos de 1932 em Los Angeles e em 1948 em Londres,
utilizavam pistolas com calibre “22 long rifle”. Mais tarde, na
década de 40, as pistolas foram confeccionadas com “freio de boca”
para diminuir o ângulo de salto da arma. As marcas mais utilizadas
na época eram “High-Standard”, Beretta e “Walther”. Esses foram
os resultados dos brasileiros nesses Jogos Olímpicos:
a.
Jogos Olímpicos de Los Angeles
(1932)
Pistola – Silhuetas – 19 participantes
13º Eugênio Caetano do Amaral (PR) -17
15º Braz Magaldi (MG) -15
17º Antônio Ferraz da Silveira (DF) -15
b.
Jogos Olímpicos de Londres (1948)
Tiro Rápido às Silhuetas – 59 participantes
30º Pedro Simão (SP) - 540
34º Álvaro José dos Santos Jr (DF) - 527
56º Alan Sobocinski (SP) - 490
3. Inauguração das silhuetas
Na década de 50, as silhuetas foram
construídas com funcionamento mecânico e eram acionadas mediante
o toque de campainha do diretor da prova que também era cronometrista.
O auxiliar localizado na trincheira movia o conjunto de silhuetas
através uma alavanca, mediante o toque de campainha para abrir
e fechar as silhuetas, conforme o tempo previsto (8,
6 e 4 segundos). No Fluminense, o funcionário encarregado
da tarefa de mover as silhuetas chamava-se Adalberto. Esse cearense,
de braço direito fortalecido por acionar as silhuetas, era muito
respeitado e querido pelos atiradores, funcionando nos treinamentos
dos atiradores com muita precisão, mesmo quando não havia cronometrista
e diretor de prova.
Dessa maneira pode-se avaliar a alegria
dos atiradores dessa modalidade quando foi inaugurado em 1954
no “stand” do Fluminense um novo conjunto elétrico de silhuetas,
com uma minuteria elétrica especialmente confeccionada pelo atirador
gaúcho Alberto Burgel. A cerimônia de inauguração contou com a
presença dos dirigentes do Fluminense, do Secretário-Executivo
da Comissão Desportiva das Forças Armadas (CDFA), especialmente
convidado, o Coronel Pedro Geraldo de Almeida. Mais tarde já no
posto de General de Brigada, este notável esportista militar foi
Comandante da AMAN em 1962 e Chefe da Casa Militar do Presidente
Jânio Quadros.
Vários dirigentes e atiradores prestigiaram
o evento. Convém ressaltar que a partir da inauguração das silhuetas,
a Federação Metropolitana teve um grande desenvolvimento técnico
nesta modalidade, revelando novos campeões brasileiros como: Luiz
Novaes, Silvino Ferreira, Álvaro Santos, Evandro Guimarães, Aluizio
Teixeira, Eddielys Guimarães.
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Silhueta Militar
Metálica
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Tiro às Silhuetas - FFC |
por Eduardo Ferreira
Recordista e campeão brasileiro de armas longas da CBTE
e das Forças Armadas. Ex vice-presidente da CBTE e da federação
do DF, ex presidente das federações do RJ e CE,
e diretor das federações da PB e RS. Autor de "Arma
Longa" e "História do Tiro"
ferreiraedu@terra.com.br